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Nomes que fazem história
11 de Junho de 2010
João Augusto de Ornelas
João Augusto de Ornelas
"Deus abeira de nós nas enfermidades do
espírito, no sofrer do coração e que neste
derrama o precioso bálsamo extraído das
santas flores do Evangelho”
A justiça de Deus
João Augusto de Ornelas destacou-se nas letras madeirenses com a publicação de vários romances e novelas.
Nasceu no Estreito de Câmara de Lobos a 24 de Agosto de 1863. Começou por ser aprendiz de tipógrafo, tendo depois frequentado aulas no Liceu do Funchal.
Foi director e redactor de O Direito, jornal regional que teve início em 1857-1861 e depois de alguns anos de interregno voltou a circular (entre 1880 a 1909).
A sua obra literária é muito vasta não só pelas publicações que efectuou, como pela colaboração que deixou dispersa por vários jornais. Cultivou com grande êxito o romance, tendo escrito e publicado em 1871, "A Arrependida" com introdução de Júlio César Machado; "João Augusto de Ornelas e a nova fábrica de açúcar"; "A Coroa de Oiro ou a Honra da Justiça: O que foi e o que é José Cardoso Vieira de Castro"; "Maria: Páginas íntimas", com prólogo de António Augusto Teixeira de Vasconcelos em 1873; "A Mão de Sangue", com prefácio de Camilo Castelo Branco em 1874; "A Justiça de Deus", com prefácio de Manuel Pinheiro Chagas em 1877; "A vítima de um Lazarista" em 1878; "A Companhia Fabril de Açúcar Madeirense, os seus Credores e o sr. Dr. João da Câmara Leme" em 1879; "A Madeira e as Canárias" em 1884; "A Fábrica de São João em 1879; "O Enjeitado", com introdução de Manuel Pinheiro, em 1886. Publicou ainda outros romances e folhetins no jornal de que era director, como: "Virtude e Crime"; "A Madrasta"; "O Aristrocrata e o Artista"; "Amor e Sacerdócio"; "O Ingrato"; "Um Benefício"; "Espinhos e Rosas" e "Frei João ou uma Época da regência de D. Pedro IV", publicado no Direito, a partir do dia 26 de Janeiro de 1881.
Também se dedicou à poesia tendo versos insertos no livro "Prelúdio Poético" de J. Barros Coelho em 1857 e nas colectâneas: "Flores da Madeira" do cónego Alfredo César de Oliveira e do Dr. José Leite Monteiro em 1871; "Album Madeirense de Poesias..." de Francisco Vieira em 1884 e na "Musa Insular" de Luís Marino 1954. Em 1881, preparava-se para publicar um livro de biografias de pessoas importantes, o que nunca viria a acontecer, assim como os trabalhos literários como "O filho segundo"; "Virgínia"; "Os mistérios do cemitério"; "Um baile a benefício"; "Os anos dum príncipe"; "Crime e virtude" e "Horas de Recreio".
De todas as suas obras, a mais notável terá sido a "Mão de Sangue" prefaciada por Camilo Castelo Branco e da qual, em 1998, foi publicada a sua 3ª edição.
João Augusto de Ornelas foi sócio fundador da Associação de Beneficência do Funchal e do Grémio Literário e Recreativo dos Artistas Funchalenses e apoiou através do seu jornal as instituições de beneficência, como o Asilo da Mendicidade e Órfãos, tal como foi sócio correspondente do Gabinete de Literatura de Pernambuco; foi sócio correspondente do Instituto de Coimbra, da Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses, foi sócio ordinário da Sociedade Geografia de Lisboa e correspondente da de França e foi sócio fundador da Associação dos Jornalistas e Escritores Portugueses.
Ao jornalista e escritor foi atribuída a comenda de cavaleiro da Ordem militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, tendo sido Procurador à Junta Geral do Distrito; Vogal da Comissão Administrativa do Asilo da Mendicidade, cargo que exerceu muito provavelmente desde 1868; foi um dos sócios fundadores do onde viria a ocupar a presidência da Assembleia Geral.
Faleceu no Funchal a 11 de Julho de 1886, aos 52 anos.
Extracto do romance A Mão de Sangue de João Augusto de Ornelas:
(…) “Henrique achava-se no Estreito de Nossa Senhora da Graça, quando D. Josefina, de joelhos e de mãos erguidas, alcançou de seu pai o consentimento para se unir àquele a quem dera o coração, a quem tributara os primeiros afectos da alma. Nessa mesma noite, D. Josefina, radiante de prazer, fez partir um criado da sua confiança para o Estreito, a chamar Henrique. Era tarde já, mas este deu-se pressa em obedecer. Mal, porem, havia passado o adro da igreja paroquial, saíram dum recanto quatro alentados camponeses, que, por surpresa, a maniataram. Vendaram-lhe depois os olhos, inutilizaram-lhe toda a resistência e assim o conduziram a um velho solar, próximo de S. Bernardino, encerrando-o num medonho cárcere, onde não penetrava a luz do sol. Henrique ficou assim privado da liberdade, no momento em que corria a receber a maior das felicidades, a mão daquela que era o anjo de seus doirados sonhos. O prisioneiro viu logo que aquele golpe fatal partia dos seus dois rancorosos inimigos – Júlio e Fernando. A esperança de libertar-se desapareceu-lhe e, no meio das sombrias trevas que o rodeavam, a imaginação fazia-lhe brilhar sobre o peito a lâmina dum punhal!”
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